domingo, 30 de novembro de 2014

O que se pode Classificar de peça de Arte




Não é minha intenção, nestas linhas, definir o que geralmente é apelidado de Belas Artes, Pintura e Escultura. Estas podem muito bem definir-se a si mesmas e eu não posso reclamar a capacidade de discutir sua definição.

No campo das artes aplicadas, no entanto, há certos princípios a ser observados, princípios que são frequentemente esquecidos pela lamentável separação das funções do Artista das do Artesão
É extremamente difícil marcar uma linha entre a Arte e o Artesanato. Por exemplo, um papel de parede, desenhado com Arte mas executado pela máquina na reprodução do trabalho do Designer, é uma peça de Arte, ou é um produto de fábrica?

Para mim, é as duas coisas. Normalmente, uma peça de Arte é produto da própria mão do artista. Revela a sua individualidade. É a linguagem em que ele próprio se expressa para a sua audiência. É "O Tom da sua Voz"




Tal peça pode ou não agradar a uma grande parte do público. E sempre será assim.
Um Artista, seja ele Poeta, Músico, Pintor ou Ceramista, é quem consegue ver mais que os outros.
O que ele vê ele tenta expressar aos outros mas é inevitável que por vezes seja mal compreendido.
Sendo por isso necessário que entregue a sua mensagem em primeira mão. 
Olhar para a réplica de um trabalho de um artista, é como ler um sermão ou uma oração de uma página impressa. Pode conter os ensinamentos mas o toque pessoal, o tom e o gesto, é perdido.
Mas há quem retire os ensinamentos de grandes Homens apenas dos Livros.
Há, ainda por cima, livros que nunca foram falados e no entanto contêm a mensagem. Da mesma forma que trabalhos, com origem nas mãos de grandes artistas só estão disponíveis para as massas na forma de reprodução.


O papel de parede é um desses exemplos. 
Não fossem as gráficas, estes belos padrões nunca teriam passado do estúdio, e ainda que seja óptimo que um Homem rico possa obter um Whistler para decorar a sala, é no entanto uma vantagem a não desprezar que se possa comprar um bonito padrão de papel de parede por medida.
Ainda que isto seja verdade,que não se encontre valor senão na qualidade da impressão, há outros exemplos. 
No caso do papel de parede a função da máquina é simplesmente transferir o devido padrão para o papel em si. Não tem identidade excepto como superficie. 
Mas quando uma mesa ou uma cadeira é formada de peças de madeira modelada por uma máquina de maneira uniforme, o assento ou o topo juntos por outra, e as pernas ou as costas estampadas ou esculpidas por uma terceira, a Arte ou individualidade é perdida pelo envolvimento da construção mecânica.




Ainda mais no caso da produção de Olaria ( Cerâmica ). Na prática comercial, não só a forma é desenhada sem ter em conta a decoração, assim como a mesma decoração é posta sobre várias formas, ou uma só forma que é usada como veículo para várias decorações diferentes.
Alguns resultados podem até ser agradáveis, até bonitos, mas mais por sorte que por intenção e nenhuma peça construída deste jeito deve reclamar o direito de ser chamada de peça de Arte.


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